
Eu planto neste jardim todos os dias, ou ao menos tento. Retiro as ervas daninhas para que as flores possam vicejar. Gosto mesmo é da relva verdinha e assim, encostar o meu cabelo nela. Tem dias que fujo para cá - lugar onde revisito o meu passado, danço com o presente e atiro flechas no futuro. Meu coração é a clareira do jardim e à noite é desse lugar que se pode ver as estrelas mais brilhantes. Fico à espreita do mundo, ouço o coachar dos sapos, que se mistura com as minhas memórias de infância. Não, não sou mais aquela menina. Pestanejo, e com os olhos entreabertos drago o horizonte que preciso fundir-me. O cheiro das alfazemas me deixa chapada e sinto saudades do que estou prestes a viver, enquanto que nos sulcos da terra vermelha, enterro o meu medo de morrer. Aqui, repouso, medito silenciosa até me tornar um oráculo para mim mesma e é quando começo a perder o ritmo da respiração profunda é que percebo que fiquei dias/noites longe de vocês. Este é o meu jardim.
Um comentário:
"sinto saudades do que estou prestes a viver"
Lindo!
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