sexta-feira, 26 de agosto de 2011

DESPEDIDAS

No momento da despedida, um breve 'te cuida!'. Aliás, sempre foi assim e sempre será - com todos nós, basta estarmos unidos uma vez, para logo nos separarmos. Isso me parece injusto: na fricção do ir e vir a solidão resplandece como uma nesga de luz que se esgueira da porta de um templo.Até mais? Sim, até mais. Mais é soma de algo com o seu devir. Então voltaremos a nos ver? É o que todos desejamos. Nossos pais nos esperam voltar para casa, quando os deixamos sozinhos com suas solidões esquecidas, encobertas com a poeira dos seus carinhos. Nessa perspectiva, eles me parecem santos banhados em graça: doaram a si mesmos para nós, a fim de que vaguemos como caravelas em  mares - ora cheios de tormenta, ora cristalinos a ponto de conseguirmos ver nossos reflexos.
Não gosto de despedidas, mas aprendi a suportar aquilo que me escapa: a dança do ir e vir da Vida. Os barqueiros milenares da Índia compreenderam essa intermitência exaustiva, contemplando os rios. Mas, na cidade onde eu moro, o rio é distante e sujo. Não consigo aprender nada com ele. Dizer que os momentos compartilhados são especiais é fácil quando os observamos em cima do muro da contemplação. Mas, infelizmente, na precariedade de minha condição humana, só posso oferecer um 'Até mais!' Para mais e mais...

Um comentário:

Leandro Rabelo disse...

Ariane
De novo adorei ,me tocou profundamente ,bem acho q essa eh a ideia mesmo ne?...aprendi a surportar aquilo que me escapa:A Danca do Ir e vir da vida... Demais isso ,eh pra ler e reler ouvindo Sade ou Kleiton e Kledir.