domingo, 18 de dezembro de 2011

ADEUS 2011

Mais um ano passou. 2011. Acho uma tremenda bobagem fazer um retrospecto do que aconteceu, assim como planejar metas para o ano que vem - apesar de já ter feito isso inúmeras vezes anteriormente. Mas esses métodos caíram em desuso, pois, simplesmente, não tenho mais saco. A filosofia do "não tenho mais saco", apesar de parecer rude, é sábia (ao menos, espero que seja), porque o que está por trás dela é a confiança de que nada do que viverei futuramente será tão diferente do que estou vivendo agora, daí a falta da necessidade de retrospectos e de planejamentos. Estou em uma boa fase da minha vida e ponto.

"Acordei tentando lembrar dos meus sonhos. Eram 10h00 da manhã. A minha gata já estava sobre o meu travesseiro me chamando para tomarmos café da manhã. Ela, como sempre, foi na minha frente, atravessou o corredor, chegando à cozinha, onde fica seus potes de água e de ração; eu, ainda sonolenta, depois de ter colocado a água na chaleira para esquentar, preparei o pão com queijo, para logo pegar o jornal que fica do lado de fora, na entrada do apartamento (...)

DIÁLOGO - Os escritores modernos

Os escritores modernos (James Joyce, Virginia Woolf, Marcel Proust) apresentavam os dilemas de suas personagens a partir de uma perspectiva, na qual o cotidiano com suas miudezas era hipervalorizado. Os grandes golpes do destino e os pontos cruciais externos acerca do tema não eram encarados como decisivos. A confiança era de que em qualquer fragmento escolhido ao acaso, em qualquer instante, no decurso da vida, estava contemplada a substância toda do destino das personagens. Assim, a demanda de ir ao açougue comprar miúdos em Dublin, em Ulysses de James Joyce, fazia parte do heroísmo do homem comum, que buscava levar sua vida no mundo irônico e prosaico dos tempos modernos. Costurar a meia para o filho do faroleiro, em Passeio ao farol de Virginia Woolf, era o momento em que todo o mistério de Mrs. Ramsay e sua beleza exuberante se condensavam, convidando o leitor a interpretar sua vida. Relembrar da infância, permeada por personalidades tão fascinantes, a partir do sabor de uma madeleine molhada no chá, em No Caminho de Swann de Marcel Proust, também fazia parte do recorte moderno que enfatizava o corriqueiro.

(...) As roupas íntimas no varal, o chá de hibisco com maçã, a esperança de que nos acertemos. Deixei um bilhete sobre a mesa, desejando um bom final de semana, na observação: eu te amo."

Falta uma porção de coisas para me acertar ainda. Mas, ao olhar para o meu cotidiano, sinto que por enquanto o mais importante é não estabelecer critérios. O foco é viver o meu cotidiano devagarinho, construindo os sentidos da minha vida, assim como as personagens dos romances modernos, que a cada passagem dos romances mencionados acima, mostraram que a riqueza está nos momentos banais que podem inclusive ganhar uma função mítica.

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