domingo, 15 de maio de 2011

GIFTS

Hoje foi um dia bacana. Sem muita explicação, talvez por não ter nada para fazer, enquanto esperava o ônibus para ir ao trabalho, decidi que se um dia eu tiver uma filhinha, ela se chamará Lótus e gostaria mesmo que ela fosse como a G., a menina para quem eu li a manhã toda, na sessão de mediação de leitura - pois é, atualmente, sou animadora cultural e proponho práticas de leitura de texto literários para as crianças.
G. era esperta, bem humorada, apaixonada, questionadora, bela a sua maneira, com cabelos pretinhos e lisos e com um olhar curioso de quem sempre quer saber mais. Lemos bastante. Foi uma leitura atrás da outra: O Nascimento do Dragão, Cantigas de um Passarinho à toa, A Árvore Generosa, O Menino que mordeu Picasso, etc.
Ela perguntou para mim: - Por que você coloca seus bottons assim? A parte trazeira da zebra fica em frente da dianteira... Desse jeito ela vai se morder! Eu sorri e mostrei a ela um livro, que tinha algumas obras de arte de vanguarda e respondi: - Olhe este pintor, ele poderia ter desenhado de forma mais realista esta moça, mas não acho que seria tão divertido como ele optou em fazer... É uma nova maneira de compreender a realidade e que não deixa de ser harmônica, não acha? Olhe o contorno do perfil da foto e o da pintura, ainda são iguais! As cores combinam...
Ela sorriu e concordou comigo, foi até o seu avô e mostrou o livro para ele, perguntando se ele gostava desse tal Picasso. Enfim. Achei mesmo interessante ter acordado, com essa ideia na cabeça: que se um dia eu tiver uma filhinha, ela se chamará  Lótus e depois ter passado um tempo, com uma garotinha muito especial que pareceu dar forma ao que começara imaginar, quando estava indo para o trabalho.

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