quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

CRÔNICA ORDINÁRIA

"Eu não sou amado porque sou bom, sou bom porque sou amado"
Mandela
Hora do almoço. Ela tocou o seu ombro, lentamente: "É bom comer aqui?". Ele sorriu, reconheceu a sua nova colega de trabalho. "Pode ser bom e pode ser ruim, depende." Riram. Cada qual foi fazendo o seu prato, para depois de pesá-los, sentar à mesa mais próxima. "Tá achando muito difícil o trabalho?". Fazia tempo que ela não achava as coisas tão difíceis assim. Queria apenas compartilhar, a fase da sobrevivência havia passado. Começava a se amar devagarinho e agora estava mais fácil ficar ali, ao lado de quem queria. "Um pouco." Ele a fitou curioso, sua voz era de mulher, que por sua vez não condizia com sua feição de garota. "Se precisar de ajuda, me dá um toque". Olhou para o prato e sem encará-lo agradeceu a gentileza, ansiosa logo foi cortando a troxinha de queijo, até que depois de muita insistência, engoliu um pedaço. "Acho que você deixou cair um pedacinho, no seu colo." E de fato, havia se sujado. Olhou para o rapaz, era mais uma oportunidade de se doar ao mundo, disse:"Vou precisar mesmo da sua ajuda." Era bom viver um dia de cada vez, desfrutava, agora, das coisas mais banais da vida como não perder mais os seus brincos, a dormir tranquilamente e o melhor de tudo: começava a confiar, nos estranhos e isso era mágico: ela existia e era Amor.

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