domingo, 7 de fevereiro de 2010

INSÔNIA

Noite insone. Faz tempo que isso não acontecia. Está quente e há pernilongos no quarto, assim é fácil ficar acordada e não voltar a dormir mais. Um saco. E é aí que os pensamentos chegam, na surdina. Dúvidas. Ânsias. Projetinhos... Perscrutar a si mesma. Ideias, algumas absurdas, outras sensatas demais começam a surgir: cortar o cabelo curtinho? escrever o artigo? comprar uma televisão de plasma? mandar e-mail pra profa. de francês? será que ele pensa em mim, com carinho?
Levanto da cama e tomo um copo de leite - um mimo. Lá fora, avisto outra pessoa que parece também ter perdido o sono. Quanta inquietação! A minha é maior, pois quero tudo para um único dia: isso e aquilo e mais um pouquinho! Solidão é interessante quando se está suportavelmente bem consigo mesmo, é como mergulhar a uma profundidade significativa e ali ficar de olhos abertos olhando o seu cabelo flutuando, na água. Mas tem um momento, em que temos que ir à tona e voltar a respirar em companhia dos outros. Mas às 4h00 da madrugada encontro apenas meu bichinho de estimação, que olha sem entender minha perambulação pelo apartamento. Corto um naco de pão de milho, como letargicamente, abro a página de um livro para me dar uma pista de como agir diante disso disso e disso... Volto para cama e fico olhando para o teto: "Eu sou um homem doente..." Não, isso não, isso é o que o Homem do Subsolo disse, e o que disse Gregor Samsa, quando não dormia? Tem gente que tem insights maravilhosos, em noite de insônia, como aquele cara que montou um puta empresa e agora é rico! Mas, definitivamente, esse não é o meu caso! Brinco de tentar adivinhar o meu futuro. Acredito que se me esforçar mais um pouquinho eu chego lá. Lá onde? Enfim. As luzes do vizinho apagaram, ele foi dormir e percebo que está na hora de ceder um pouco: tranquilize-se, é apenas uma noite insone.

Nenhum comentário: