domingo, 7 de fevereiro de 2010

MINHA VOZ

Olha, sabe, eu acho que eu tenho uma voz e ela é digna. Acho mesmo. Acho que sob todos os discursos que permeiam a minha consciência, tenho uma voz que sabe sintetizar tudo da melhor maneira possível que é ser sincera e aguentar o tranco. Não falo de verdades absolutas, nem me atreveria. A minha voz é humilde o suficiente para expressar que, na maior parte das vezes, somos confusos e contraditórios. Nao tem fórmula para se viver, se constituir como gente não é brincadeira, pois viver pode ser bem desesperador, para quem ainda acredita em lições de cartilha.
Olho as pessoas ao meu redor e fico embasbacada: como eles se entendem! Como eu os entendo em tão pouco tempo! Em você, nada é estranho, posso rejeitar o meu eu no seu, mas jamais será estranho! Às vezes, a minha voz soa como um trovão, é quando estou apaixonada por alguém, ou alguma coisa, que pode ser até uma ideia, uma sensação que precisa ser expressa e aí eu falo, escrevo, saio do caos por alguns minutinhos. Mas às vezes, a minha voz é oprimida, diminuída, rejeitada, silenciada, ou por mim mesma ou pelos outros e o nó fica ali para ser desatado, em uma outra oportunidade.
Acho sim, acho mesmo que tenho uma voz que quer contar a sua própria versão do que seja a vida, claro, o meu ponto de vista de tudo e de todos, que não é um veredito, e sim um praquejo humano, feito de balbucios descritivos, ou seja, mais um discurso humano, permeado pela cumplicidade de existir.
Deitada, na cama, prestes a adormecer, quando as imagens começam lentamente a surgir sem nexo, eu vi um céu lindo, com uma casa gigantesca, parecida com aqueles palácios romanos, pensei: "É o Paraíso!" . Meu coração disparou, imediatamente, saiu a minha voz irônica: "Não quero morrer, além do mais, sou budista e esse palácio está muito... cristão!".
É isso, é exatamente isso, a minha voz quer sair para falar em alto e bom tom: RESISTO na minha insignificância, nessa noite escura e o que me consola é ouvir-me como uma amiga mais corajosa.

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