
Estranho, pois como, num período, tão difícil encontrei tanta coisa boa?
Ao mesmo tempo que havia dor e ansiedade para um recomeço, feito de responsabilidades até então negligenciadas pela minha imaturidade e indolência, novos caminhos foram percorridos e mais do que nunca vi o quão preciosa era a vida: tomei banhos longos e deliciosos, caminhava pelo bairro de Pinheiros, em busca de maquiagem e de perfumes - lutava pela minha beleza; comecei a cozinhar e mastigar lentamente; olhei mais as pessoas nos olhos e amei um homem com toda a minha dignidade reinstaurada - e sou grata a ele por tudo o que me deu naquele período - mudei-me de apartamento e conclui apaixonadamente, a minha graduação... Enfim, em meio aos choros às escondidas, quando era pega pelos meus medos e pela surpresa de me redescobrir e ter muito o que enfrentar, solitariamente, mas com muita fé, criei uma nova vida honesta. Fui corajosa o suficiente para não fugir e dar a mim os remédios necessários. Enfrentei diagnósticos sozinha e não permiti sentir pena de mim mesma, pois eu só queria voltar a respirar bem como qualquer ser humano.
Enfim, acho que, intuitivamente, sei voltar a minha casa, aqui dentro, e não há nada e ninguém que poderá tirar-me o que conquistei: a minha vida profunda, criativa, feita de repousos, ousadia, instinto, amor, raiva, esperanças... Uma dieta perfeita para quem quer renascer: diamantes eternos.
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