domingo, 26 de julho de 2009

DOMINGO...

Uma tigela de minestrone fumegante. Dois brioches e um minicroissant. O domingo cai noite adentro. Ele te ama? Você o ama? Pão para aliviar a ansiedade. O aconchego dos vapores, no rechaud, salvam aquelas duas audaciosas que colocaram o pé para fora de casa e foram à padaria recém-aberta do bairro. Garoava. Mas ele te ama? Você o ama? Uma pausa para o expresso. A cereja do bolo de chocolate denucia o rubor de quem descobre não saber amar. É melhor engolir rápido! São tempos sombrios em que sentimentar é perigoso! Quer metade da cereja? Silêncio. Há delicadeza no compartilhar. Uma solidão em frente a outra aquece o inaquecido. São palavras rápidas que buscam dar apoio: calma, temos a vida toda pela frente! O tilintar dos talheres mistura-se ao meu próprio ruminar: Será? Será? Tilim-tilim. Precisamos comprar pão para amanhã, quantos? Quatro? É. Tigelas vazias, migalhas espalhadas pela mesa e a expectativa que não passa, pois há sempre esperança para quem teve o coração desterrado. Quer experimentar o bolo de fubá cremoso? Hum-hum... Come-se bem. Come-se muito para passar o tempo. Come-se desnecessariamente para tapar quem se tapeia. Gostei! Podemos levar quando alguém for nos visitar... Mas quem me visitaria? Quem tocaria à minha porta para me levar ao cinema? Ver uma nouvelle vague? Para eu poder simplesmente dizer: O que eu mais gosto nesses filmes é o barulho dos sapatos das mocinhas quando elas correm... Tac-tac-tac. O domingo se esvai. Subimos a rua. Perdizes todo vê o Fantástico. E as duas audaciosas voltam para casa com os cabelos molhados. Tac-tac-tac.

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