sábado, 9 de abril de 2011

O amor descobrirá o caminho, autor anônimo

Sobre as montanhas
E sob as vagas,
Sob as nascentes
E sob as covas;
Sob o mar mais fundo
Que Netuno obedece,
Sobre a rocha mais abrupta,
O amor descobrirá o caminho.

Quando não existe lugar
Para o vaga-lume ficar,
Onde não existe espaço
Para se acolher a mosca;
Onde o maruim não se arrisca
Com medo de pousar
Se o amor chegar, entrará
E descobrirá o caminho.

Pode considerá-lo
Criança por sua força;
Ou pode julgá-lo
Covarde por sua fuga:
Mas se ela, a quem o amor honra,
Se esconder do dia,
Com mil guardas no encalço,
O amor descobrirá o caminho.

Uns pensam em esquecê-lo
Mantendo-o confinado;
Outros o imaginam,
Coitado!, cego;
Mas se jamais o emparedar,
Por mais que se esforce,
O amor cego, como o chamam,
Descobrirá o caminho.

Pode treinar a águia
Para pousar no braço;
Ou pode enganar
A fênix do oriente;
A leoa, pode induzi-la
A desistir da presa;
Mas jamais deterá um amante:
Ele descobrirá o caminho.

Se a terra dele se apartar,
Ele a percorrerá a galope;
Se o mar se lançar contra ele,
Ele nadará até a praia;
Se o amor se transformar em andorinha
E cruzar o ar a esmo,
O amor emprestará asas para a seguir.
E descobrirá o caminho.

Não há empenho
Para lhe obstar o intento;
Não há maquinações
De sua trama a impedir;
Mas, se um dia receber a mensagem
De que o Verdadeiro Amor fica,
Quando a Morte vier a seu encontro,
O amor descobrirá o caminho!

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