sábado, 8 de agosto de 2009

TPM...

Confessemos: tem dia que acordamos um cocô. Foi o sonho que não foi bacana. A conta bancária que encurtou de repente - mesmo no início do mês. A resposta lacônica de quem você mais gosta ao telefone. A família distante. A descoberta de um quilo e meio a mais na balança, entre outras coisinhas que vão somando-se silenciosas até você dizer: chegaaaaaaaaaa! Aí, eu começo: querida, sem alarmes, a vida continua mansa mansa... Como um boi pastando. Como uma foca se rastejando. Como o cochilo do bebê.
Aí, eu paro: recomeço. Suspiro. Charlotte me olha aflita. Vou à cozinha, preparo um café, de repente escuto alguém me chamando no msn: vai ao sair hoje à noite, ou não? Ai, quanta indelicadeza! Vai sair hoje à noite, ou não? É necessário expressar-se assim?
Dizem que sou sensível demais. Carente demais. Espero demais. Vivo demais. Exagero demais. Mas puxa!: custa um: oi? você está bem? faz tempo que não te vejo, gostaria de lhe ver hoje à noite... Enfim, sou do time que embrulha os sentimentos em folha de papel manteiga. Dos que escutam a história alheia como uma epopeia. Dos que sofrem com os outros mesmo estes muitas vezes nem saberem que estão sofrendo. Sei que não deveria cobrar nada, mas às vezes é duro, muito duro e o mínimo que se quer é compartilhar mimos, atenções generosas, flertes com o nada que é tudo quando se está em comunhão de espíritos. Enfim, são delicadezas mínimas que fazem a alma revigorar. Não. Não vou. Porque sou birrenta. Rebelde. Saliente: acho que estamos nos de-se-qui-li-bran-do... E o dia torna-se mais arrastado. Todo torto. Solitário. Silencioso. Charlotte dorme: como é bom ser gato - já combinei com ela, na próxima encarnação, ela é que será a minha dona! Sento em frente do computador, começo a trabalhar. Como o dinheiro tá curto... Aí eu recomeço: querida, sempre foi assim! A vida continua mansa mansa... Como sementes de feijão aconchegadas no algodão. Começo a rir da minha rabujice! Toca o telefone, vou até o quarto, na parede de casa, no mural de recados, encontro a seguinte frase: A esperança é como âncora para a nossa vida (HB: 6, 19). É início de noite, atendo o telefone que nem para mim é. Anoto o recado, enquanto a frase na parede ainda está inaudível. Ligo a televisão e espero o dia de amanhã.

Um comentário:

SUSHI disse...

Será q eu estou tão errada por só agora não querer dias tão iguais? Ontem pude ouvir o som do mar pelo PC, e isso me fez ter uma noite diferente. Simples e feliz...