terça-feira, 6 de outubro de 2009

JORNADA DA ALMA

Olha, ontem eu ouvi uma coisa muito bacana sobre mim. É estranho, pois assim que a pessoa falou, distanciei-me de mim mesma, achando que eu fosse outra pessoa. "Ela que é cheia de méritos, de esforços e coragem. Eu, eu não." O que é isso? Princípio de esquizofrênia? Não. É a capacidade do ser humano de distanciar de si mesmo, para não ter um atitude responsiva perante a vida. E no meu caso, fiz isso por conta de uma timidez que beira à sacanagem de não me dar amor próprio.
A pessoa disse: "O desenrolar da sua vida está bonito...". Eu olhei para ela, porque tinha acabado de contar algo triste, chato, que me amola desde que me conheço por gente, mas já não fere mais e disse:"Bonito?" E ela: "É". E sorriu. Levantei da cadeira e fui embora feliz, começando a me reconhecer com aquilo que sempre quis.

Estranho. Tanta coisa mudou nesses últimos anos, que às vezes nem me reconheço. É isso que é estar próximo do Self? Pretensão. Isso é nome chic para falar: "Cansei, quero paz, quero ser o que sou e sempre serei". Tenho estado muito calminha. Mas de qualquer jeito, dando o nome de "expressão de Self" ou de "cansei, quero paz", o fato é que a alma pede uma jornada.

E a respeito disso, esses dias aqui, em casa, vi com umas amigas um filme bacana: A jornada da alma, que conta a história de Sabina Spielrein, uma paciente do Jung, que sofria de histeria e que foi curada a ponto de se tornar uma psicanalista.

Até aqui excepcional, mas ainda não toca o coração. Até que certa hora no filme, uma das personagens - a pesquisadora que vai resgatar a história dessa mulher selvagem - diz: "Ela jogou limpo o tempo todo." Aí sim. Aí o conteúdo cabeção caiu por chão e o que entrou em cena foi a história de uma mulher que lutou lutou lutou contra todas as repressões que infringiram à sua alma.

Uma cena linda? Ela e o Jung dançando no refeitório, com os loucos ao redor. Dançando, dançando, enamorando-se - acreditem, os dois tiveram um caso amoroso longo e feliz, mas depois cada um tomou o seu rumo.

Uma vida bonita. Ela casou, teve filhos e construiu uma creche para crianças extremamente avançada para época. As crianças tinham total liberdade de se expressarem e a relação com o corpo era algo apresentado desde muito cedo, para que todos pudessem ter uma relação com a sexualidade sem tantos tabus.

A jornada da alma. Tem uma frase do Jung que é mais ou menos assim: "Quando duas personalidades se encontram e ocorrem uma química entre elas, não tem jeito, as duas pessoas saem transformadas" Acho que os encontros são para isso. Acho que estamos no mundo para isso. Mas tem que haver o toque, uma alma em outra. E foi assim, que depois de ouvir essa pessoa comecei a me sacanear menos e me dar alguns méritos. Não roubarei mais energia de mim mesma! Assim como Sabina, continuarei a jogar limpo! Se é pra gritar, eu grito. Se é pra chorar, eu choro. Se é pra amar, eu amo. Se é pra viver, eu vivo!

Nenhum comentário: